sexta-feira, 15 de outubro de 2010




Pelo caminho

Pelo caminho deixei pedaços de mim e de minha vida, deixei marcado no chão a força do meu corpo e o peso dos anos. Percebi que no início quase não marcarva o passo, mas, com o tempo, cada dia ficavam mais fortes as minhas marcas no chão. Não era minha altura ou peso, a força de minhas pegadas no chão, porque a minha observação levara em conta meu tamanho e peso. Eram os dias ruins, a preocupação e o peso de tudo que insistimos em carregar. Aprendi que esquecer, perdoar e aceitar, o que não me diz respeito, fazia um bem danado a coluna.Esvaziei os bolsos de tudo que não me fazia bem e perdoei a mim mesmo por não ter acertado diversas vezes.Continuei em frente mesmo cansado e derrotado. Aliás, com o tempo, aprendi a perder e sorrir. Aprendi a rir das coisas boas e de todas as cagadas. No lugar de tarefas que nunca vou conseguir completar ou que já perderam o sentido.Coloquei, no bolso, um sorriso e boas lembranças. Soltei o choro e perdi a vergonha. Entendi que, estando bem comigo mesmo, estaria bem com o mundo. Aprendi a explodir e colocar tudo pra fora na hora; nunca deixe pra depois.Aliás, aprendi a viver no presente porque é o único momento em que vivemos.Carrego comigo a inconseqüência de uma criança, o peito aberto e muita disposição.Errar faz parte e aprender no erro é necessário. De nada teria valor o meu sorriso sem os momentos que chorei. Quando paro pra me deitar não quero lembrar de tudo que não consegui fazer ou das tarefas do dia seguinte, quero desligar meus pensamentos e todas as cobranças, quero descansar. Aprendi que na entrega total nunca existe a derrota, podemos não alcançar o que desejamos, mas quando estou inteiro em algo, sempre retiro algo bom. Sonhar é necessário e criar expectativas faz parte da vida, mas nem sempre podemos concretizar nossos desejos. Aprendi que desde cedo temos o dom da felicidade, mas deixamos cair pelo caminho a caminho da maior idade. Por isso sempre digo: Quero ser criança para um monte de besteiras e coisas ruins que os homens fazem e serei um adulto apenas nas partes boas da vida porque não tenho que ser nada além de paz e felicidade. Pelo caminho quero deixar pegadas cada vez mais leves e, em algum momento, estarei tão leve que, enfim, irei voar. Assim sigo meu caminho, a caminho do ar e aprendendo a amar. (André Prado)